terça-feira, 7 de outubro de 2008

degree

groping in darkness
i grasp the meaning of regress
is it possible graduate this kind of past?
transgression always appears at last

wasting words to reach that way
senses go to hide away
flow words, how could i say?
oblivious mind starts to play

and if it turns in elusive meanings,
statement damage the feelings
put it on again in grass
my feet can grant them, i guess

domingo, 24 de agosto de 2008

O Fio

Com fio tecemos,
Fiamos a malha
ponto à ponto na trama
Dos nossos fiapos

Com fio ligamos
Nossas almas
Cordão umbilical
Nossos corpos

Com fio prendemos
em teias, em grades
em degradês:
linhas desfazem

O fio que prende
O fio que separa
Prepara em seguida
O fio da navalha

Sem fio, com fio
estamos juntos
Tecemos a rede
O pára-quedas

Confiamos.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Entrega

-vamos bater na porta?
-Por que a gente não entra? Somos fortes o suficiente...É só entrar...
-mas assim, sem bater?
-É.
Entraram. O que os esperava ninguém sabia.
-tem mau?
-Se tiver, a gente derrota...somos fortes...
-mas e se o mau for muito mau mesmo?
-Não esquenta...
Caminhavam devagar. Olhos inquietos, procuravam o desafio de suas vidas. Querendo ou não encontrá-lo? Disso ainda não sabiam...eram apenas crianças.
-acho melhor voltarmos.
-Eu não acho. Agora é tarde...já estamos aqui.
Estavam dentro. Viam o único fio de luz enfraquecer cada vez mais. Vultos. Escuridão.
No breu pleno, faíscas de medo ciltilavam invisíveis. O mau a espreitar os pensamentos do pequeno garoto. O mau inimaginável. O mau puro. O medo era tamanho que chegava a adormecer suas pernas. Tentou falar ao amigo, mas a voz estava presa em sua garganta. Sentia a presença do amigo afastar-se, na progressão decrescente do som leve dos passos, mas nada podia fazer. Ainda podia pensar:
-(onde você vai?)
Mas o pensamento não tinha força pra fazer-se palavra. A fraqueza das pernas crescia com o faiscar do medo em suas orelhas, num ruído branco. Vertigem.

Sentiu cheiro de terra e percebeu que estava no chão. Abriu os olhos. Uma floresta fria apresentava-se.
-(como assim?)
A sensação dos braços lhe dizia que aquele era um corpo de adulto. Ainda a pouco esperava pelo mau maior na pele de um pequeno desassitido. Agora sentia-se grande no chão úmido e frio daquela mata. O estranhamento durou alguns segundos. Sentou-se, tentando recompor-se. "O mau puro". A lembrança transbordava às palavras de adulto, fugindo de sua compreensão. Algo como tentar lembrar o nome de uma pessoa que não se conhece.
Ficou de pé. Olhou para cima. A leve brisa permitiu uma fresta para um feiche de luz. Na umidade da floresta, um foco de luz incidia em seu tórax. Olhou seu peito iluminado, sentindo a pele na presença do leve calor. Seu coração batia. Estava vivo. Mirou o céu por entre as folhas das árvores. Lembrou-se de uma velha canção:
-(because the sky is blue, it makes me cry...)
Um sentimento grande contraiu seu abdómen, colocando-o de joelhos.
Um homem grande chorava ajoelhado no meio da mata feito criança.
No pranto vivo, as lágrimas lavaram as memórias do indizível.
Feito criança soube da pureza das coisas, ainda que elas lhe atropelassem sentidos a dentro. Uma força esticou-lhe os cantos dos lábios. Escapou-lhe um sorriso.
-(devo ser maluco...)
Pôs-se a caminhar, sabendo que estaria sempre um pouco a frente de si.
Só.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Sem palavras...Cem palavras, tentando contornar a situação. Linhas, sublinhas, rodapés. Marcas subliminares acumuladas. Cúmulos no céu de mais um dia. Palavras transitórias buscam cidadania. De onde elas vêm? Palavras cantadas, cantos encantados. Busco um canto. Canto minha busca em palavras desperdiçadas. Os marujos remam, remam, remam. Ulisses amarrado. Seria amando? Seria a sereia? O canto da sereia é o fundo do mar. Enceremos a sereia, amarremos os marujos, e deixemos Ulisses cantar! A sereia vira surfista das ondas do canto de Ulisses que navega a nau ao léu. Pobres marujos...desamarrados poderão tecer redes de cordas e descobrir se o mar está para peixe. Palavras selvagens não se deixam pescar: O canto de Ulisses de volta prá casa.

terça-feira, 13 de maio de 2008

O eterno retorno

a via seguia em frente, reluzente sob o forte sol. Do asfalto o vapor ascendia criando um fio de miragem. A alta velocidade em um momento coincidiu com um forte reflexo da janela de um edifício, incidindo diretamente no seu olhar desencantado. Uma pausa. Poeiras ao sol. Um retorno à esquerda. No reflexo ao reflexo do sol, girou totalmente o volante e pegou o retorno, inesperedamente. Diminuiu a velocidade, a marcha, a intensão. Suspirou profundo, sentiu o coração acelerado. Alguns metros rodados na nova direção, leu a placa: Litoral. Tudo fez sentido.
O retorno o levaria de volta ao mar.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Amora ao mar

amor,
amar-te
a morte
temor a que?

amor à morte?
amor a marte!
há milhas e milhas...
martírio de amar

amor ao mar
ao mor amar
à origem regressar
e recomeçar

do amor
a mórula
amora da vida
no mar da mulher

a saga de vida
do amor à morte
rumo ao mar
morrer de amar



"porque seu coração é uma ilha a centenas de milhas daqui"

terça-feira, 15 de abril de 2008

Fotografia da alma

Vagando no claro da noite
nas frestas abertas dos sonhos
o corpo noturno desperta

Película revela formas
no contraste, o limite das coisas:
menos brilho - elas se definem

Divagando nas sombras do dia
das nuvens que enfrentam o sol,
a poesia se apresenta

Imagens realçam as cores
das margens de nossos amores
disfarçando fantasias de ser.

A pele do corpo noturno
contorna as sombras do dia,
revela-se poesia: presente da imaginação.

domingo, 13 de abril de 2008

olhos de mar

nos teus olhos vejo mar
em mil gotas a se derramar
nesses sonhos que quebram à luz da manhã
em mil lágrimas vivas em cantos de dor

nas areias desse mar
um deserto posso ver
são meus olhos a buscar
seu olhar a se perder

nos teus olhos vejo mar
em mil gotas a se derramar
sua face miragem desaparecer
nesse canto que esconde o barulho do mar

uma onda traz do mar uma conha a dizer:
eu também carrego o mar
em mil sons você pode escutar
trago ele aqui dentro, o canto do mar

nos teus olhos vejo mar
seus mistérios abertos no ar
em mil sonhos que nascem ao sol da manhã
em milagre que tem como nome Amor.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Divagar é preciso

Se Pessoa eu fosse
Se em Lisboa eu vivesse
Se visse o Tejo a desaguar no mar

Saberia que viver não é preciso.

Se Veloso eu fosse
Se na Bahia tivesse nascido
Ao calor do sol e mar

Cantaria Pessoa em mole melodia.

Sou Marra,
Sou de Minas
Mar de Morros

Canto devagar desconfiada de que
tempo é preciso viver.

domingo, 23 de março de 2008

A pás coa

Abro a janela: uma inundação de luz me cega por um instante. O muro branco reflete demais. Reflexões em branco. Só a claridade. Só, na claridade. Paz? Não sei. A paz ecoa. Escoa pelos cantos. Os velhos cantos que cantamos juntos. Os novelhos encantos a se desvendar. Vendaval de luzes rebeldes. Sol a pino. Lá no alto. E hoje é dia de transformação. Passagem. E qual dia não é? Mas hoje tem ovo. Novidade. Ovidade prenhe. Abro o ovo e vejo o vazio. Ovazio. Paredes saborosas que dão forma ao vazio. Digerir as paredes desfaz o vazio. O limite do vazio. Sem limites, o vazio se perde na imensidão do mundo. Atmosfera. Esfera. Por que o ovo não é esférico? A esfera é muito árida pra gerar indivíduos. O oval faz poder pensar em canto. A esfera não tem canto. A vida precisa de cantos prá se alojar. E de líquido. Mas a gema do ovo é esférica: amarelo nutriz.
O pintinho quebra a casca e pia. O piar cuja intensidade é diretamente proporcional à distancia da mãe. Mas o pintinho é que quebra o ovo. E dá seu primeiro piar de vida. O ovo de páscoa não vem da ave. Vem do coelho. Que vem da cartola. Na mágica dos símbolos, ilusão é a lei. Asas ao espírito, que voa em busca da alma. A alma é como a música. Reverbera pelo ar. Revoar. Harmonia dissonante: nossos tempos.
Meu tempo. Que é? Só. No contratempo, entra a bateria, coração ritmado assentado no abdómem, no meio da arborecência pulmorar. O coração também é um ovo, que pulsa. Coração transforma? Não, ele pulsa. Quem transforma são as unidades mínimas aglomeradas aos milhões. Milhões de ovinhos vivendo, transformando-se. E juntos rescuscitam nossa morte de cada dia. A tendência ao zero: 0. Outro ovo. Chocando o zero o que que nasce? 1? Acaso: a distância de zero a um.
Meus olhos se acomodam à claridade. Meu coração não. Resta o ovo do acaso a ser chocado. "..suplica um aconchego...Vermelho..." Suscita calor humano. Ressucita humanidade.

domingo, 16 de março de 2008

variações sobre o mesmo tema

A garoa fina se faz chuva forte. E depois de tomar muita chuva, a gripe melhora, contrariando os avisos da vovó. A chuva lavou minha alma. A chuva levou minhas lágrimas achando que eram suas gotas! As mil lágrimas mudas caíram ao chão ressoando chuva, barulho de chuva, música de chuva. Pingos. As lágrimas caíram pelos cantos por aí. Os cantos ressoaram, ecoaram, e as lágrimas, disfarçadas em chuva, encontraram um riozinho. E, adivinha prá onde o riozinho corre?

sábado, 8 de março de 2008

Mulheridade

Das entranhas do ser, nasce o mundo. O mundo pare a mulher. A mulher pare o homem. O homem fez a humanidade. Neogênese da história. Quem vai parar o homem?

A vida

Se você observar bem, vai ver... Olhando através da malha de desentendidos das histórias, vai ver... Deixando as lágrimas correr assim, sem leito... Olhando prá trás, tentando achar o fio condutor... Olhando ao redor e se deparando com tanta gente, gente de todos os cantos, como você, como eu... Olhando bem no fundo dos olhos, ou no raso das mãos... Ouvindo o que é dito, sem pretender as palavras, sem se prender no que elas possam estar dizendo, ouvindo apenas o fundo a partir de onde elas brotam...Conseguindo sobreviver à emoção de um flagrante de vida, nos olhos, no olfato, no êxtase, na visão do mundo inteiro a crescer... Parando prá ouvir, ou ouvindo e parando um pouco, bem pouco, apenas o suficiente prá saber que seu coração ainda bate... Sempre bate, sempre pulsa e faz o tempo prá você... Inspirando profundamente, permitindo que o vento traga o mundo prá você... Parando de resistir à força que flui nas suas veias... Não mais se importando que tudo isso decole, se seu coração parar de bater, sabendo que o mundo continuará a girar, as luas continuarão a mudar, o mar estará lá...o mar. Do mar à vida, da vida ao mar, peixeando a multidão. Um rosto se esboça, no bocejo do mundo. Apenas isso: rosto, mar, mundo, fundo, fundo, fundo.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

o que liga o que separa

o espaço é assim
liga-nos e nos separa
densidades que variam entre nós
nós em fios
pedras nos rios
caminho a seguir

o ar se adentra em mim
e volta prá o mundo
levando meus sinais
calor que pulsa
vida que busca
viver

água que escoa
e liquida o vão
Ampulheta de sentidos:
grãos, bolhas, contam
a passagem
a paisagem

terra que sustenta
une o mundo
une a gente
em vazios que ligam
ilusão surpreendente
do acaso sem fim

mas resta ainda a pergunta
o que nos liga?
o que nos separa?
o mesmo anseio
fio da navalha
liga e corta, sangra e vive

eis o fogo da vida
a consumir-se
no crispar das almas
em fusão com o mundo
em movimento
em mim, em ti, por nós

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Shiiiuuu... O amor está dormindo...
Tão frágil, pele quase transparente,
repousa suave em seu leito.
Amor recém-nascido dorme o dia inteiro...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

jato, gotas e o céu














Mesmo entre as gotas, existem aquelas que constituem o jato, ligando-se umas às outras, e aquelas que permaneçem à margem... Estar unida ao jato ou separada em gota, diz respeito à natureza da gota?
A natureza da gota reside na forma que o mundo lhe dá.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Comunicação

Comunicação
Entre Terra e Céu: Chuva

Ondas de Minas

Ondas de Minas
manhã de sábado